segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Andrew Bird assobia

Andrew Bird passou anos estudando violino erudito. Formou-se como instrumentista mas descobriu ser pouco dado à rigidez e à falta de ambição experimentalista do universo clássico. Largou tudo e tornou-se colaborador dos neo-swingers Squirrel Nut Zippers. Daí passou a flertar com ritmos extremamente derivativos de música do passado, onde combinavam-se jazz, música cigana, rock e folk e, desde então passou a creditar apenas o seu nome nas capas dos discos, revelando-se como um artífice pop multifacetado e deliciosamente desalinhado.
Aos 34 anos, já cultiva uma legião de seguidores e um processo de criação bastante peculiar: boa parte de seu último disco foi composto em sua cabeça, sem instrumentos, guiado apenas pela melodia de assobios: "Tenho um arquivo mental de cinco ou seis músicas em diversos estágios de desenvolvimento", diz Bird. "Às vezes estou dirigindo, encosto, pego uma música do arquivo e começo a lapidá-la."
Vê a criação em estúdio como um processo necessariamente doloroso. O palco, então, surge como libertação, o espaço para se desafiar constantemente como músico - "gosto da gratificação instantânea de criar as coisas ali, no momento". Temos portanto um compositor dolorosamente inspirado e um performer que se deixa guiar pela intuição.


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